Coluna Mano a Mano

>> sábado, 21 de novembro de 2009

Tarefa de gincana
por Chico Cougo

Quem é fã de música folclórica argentina já sabe: comprar discos do gênero, no Brasil, é uma verdadeira tarefa de gincana. As majors da indústria fonográfica consideram oneroso demais investir no mercado brasileiro. Por sua vez, as grandes lojas daqui não comercializam o cancioneiro platino, pois preferem crer que não há "mercado", que a famosa "barreira idiomática" nos desune etc. Mesmo que artistas como Chaqueño Palavecino, Horacio Guarany e Mercedes Sosa tenham boa aceitação na Região Sul do Brasil, seus CDs e DVDs são raros nas prateleiras das lojas e mesmo nos sites da Internet. Quem quer ouvi-los, ou recorre aos downloads e à "pirataria", ou então importa o material - à preços nada módicos - de sites como Amazon e Musimundo.

À passos muito lentos, mas felizmente, este quadro está começando a mudar. Fato é que a música de inspiração folclórica da Argentina ganhou novo fôlego há mais ou menos quinze anos, fenômeno que vem se refletindo também no lado sul-brasileiro. Depois que a cantora Soledad Pastorutti, representante máxima do "nuevo folklore", visitou o Brasil em três ocasiões (duas delas em 2009), com surpreendente repercussão na imprensa, finalmente alguns lojistas abriram os olhos para o filão de mercado até então ignorado.

No Rio Grande do Sul, uma das primeiras lojas de discos a se dar conta do poderio mercadológico da música do Prata foi a Studio CD's, de Pelotas (situada nos números 1678 e 1900 do Calçadão da Andrade Neves). Depois dela, foi a vez da capital do Estado receber os primeiros discos de nossos "hermanos". A Calle Corrientes (que é, em sua essência, uma livraria) e a Via Imports (situada na Galeria Chaves, no coração portoalegrense), nas últimas semanas, deram destaque para discos de Mercedes Sosa, Los Tucu Tucu, Horacio Guarany e, claro, La Sole. O "furacão de Arequito", aliás, teve discos comercializados até mesmo na 55ª Feira do Livro da cidade, encerrada há menos de dez dias.

Entre os títulos de destaque, estão os álbuns "Cantora", de Mercedes Sosa (vencedor do último Grammy Latino), "Vital", de Tamara Castro, "Eternamente", do grupo Los Tucu Tucu ,e antologias de Guarany e Los Carabajal. De Soledad, encontrei "Sole y Horacio Juntos por Unica Vez" (foto), "Soledad - Clarín", "La Fiesta" e "Folklore". Os preços variam entre 39 e 46 reais, em verdade altos, mas, ainda assim, mais acessíveis do que os valores cobrados por sites de importação.

Lentamente, o folclore da Argentina chega ao Brasil, um fenômeno estranho que não precisaria ocorrer desta forma, afinal, argentinos e brasileiros são vizinhos, nossa arte e história tem muito em comum e outros gêneros musicais como o tango e o rock portenho tiveram (e ainda tem) entrada fácil por nossas plagas. Independente da explicação cultural que se possa atribuir a esse processo, espero que os discos de todos os estilos possíveis atravessem, cada vez mais, nossas fronteiras macanudas. Afinal, é de encher os olhos ver La Sole, em destaque, nas vitrines brasileiras.

2 comentários:

Ana Maria 21 de novembro de 2009 às 15:39  

Oi Chico!
Foi uma ótima definição! Realmente me sinto em uma gincana quando procuro certos CDs. Na Multisom, com muita paciência, até consigo encontrar. O Libre, comprei lá por 10 Reais, mas faz muito tempo.

No cinema Guion, da Cidade Baixa, também costuma ter muita coisa de artistas do folclore argentino, mas os preços são altos.

Luiz Maia 31 de janeiro de 2010 às 12:44  

Chico, parabens por sua iniciativa.
Onde posso encontrar CDs da Tamara Castro e do fantástico uruguaio Tabaré Etcheverry ?
Obrigado. L. Maia
maia@inf.ufsc.br

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