Coluna Mano a Mano

>> terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Ainda a Califórnia
por Chico Cougo [@chicocougo]

 (Foto: Jairo de Souza/Tribuna de Uruguaiana)


A repercussão da mídia foi muito pequena. Quase nenhuma, para ser sincero. Mesmo assim, ela está de volta. Com pouco glamour, bastante atingida em sua essência de pioneirismo e sem as polêmicas de antigamente. Foram quatro dias de Califórnia da Canção Nativa (36ª edição), o último deles, domingo, dia 6. À tarde, o resultado final foi divulgado. A Calhandra de Ouro - que já foi de O veterano e Esquilador - ficou com A sanga do Pedro Lira, composição de Marco Aurélio Vasconcelos e Demétrio Xavier, que também arrematou os troféus de Melhor Arranjo, Melhor Melodia, Melhor Letra e Melhor Música (na linha de Manifestação Rio-Grandense).

Tropeiro da meia-noite, de Paulinho Goulart, Tulio Urach e Fernando Saldanha, levou os prêmios de Melhor Conjunto Vocal, Canção Mais Popular e Melhor Música (linha Livre). Pirisca Grecco foi considerado o melhor intérprete; o gaiteiro Guilherme Goulart, o melhor instrumentista; na linha Campeira, De tempo e comparsa ficou com o prêmio maior.

Público presente? Não se falou em números, mas a quantidade de cadeiras vazias na foto - divulgada pelo jornal Tribuna de Uruguaiana (no click de Jairo de Souza) - não deixa muitas dúvidas. Houve um público cativo, mas pequeno. O tempo também não colaborou, tanto que a final do festival teve que ser adiada. O bonito palco montado acabou não sendo utilizado no último dia. Com uma hora e meia de atraso, e concorrendo com as finais do Campeonato Brasileiro de Futebol, a 36ª Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana chegou ao fim nas dependências da Sociedade Agrícola e Pastoril. Enquanto isso, o espetáculo Tholl formou uma fila quilométrica no ginásio local, rendendo a manchete: "Tholl leva público maior do que a Califórnia".

O festival aconteceu. Méritos da organização, que prometeu e cumpriu. Não é mais o mesmo. Vive uma decadência sem precedentes, com parco apoio da mídia e do público. Pecou em não usar mais dos recursos baratos de divulgação, especialmente a Internet (o site do evento se mostrou bastante pobre em informações). Parece ter perdido o fôlego, justamente no momento em que, mais uma vez, a música gaúcha clama por uma rediscussão de seus valores e dogmas. A Califórnia é o exemplo do que poderá acontecer com a música regional caso não haja um processo de reciclagem sério, embasado em pesquisa e no diálogo.

Ano que vem a Calhandra voltará a ser entregue no Cine Pampa, onde tudo começou, em 1971. Um retorno às origens, à modéstia e à humildade do evento. Que seja um retorno da Califórnia enquanto instituição cultural. Da música de qualidade também.

ATUALIZAÇÃO: A cantora Shana Müller deixou um comentário sobre a importância do resgate da Califórnia. Ela também conta alguns detalhes importantes do evento, principalmente para quem não estava em Uruguaiana e não pôde avaliar, de perto, o que aconteceu (como é o meu caso). Leiam-no!

1 comentários:

Shana Müller 8 de dezembro de 2009 às 18:35  

CHICO, ALGUMAS CORREÇOES
Tropeiro da meia noite é de autoria de Paulinho Goulart, Tulio Urach e Fernando Saldanha.

Aproveito e dou minha opinião sobe a Califórnia. Novas cabeças pensando, renovando, tentando retomar a credibilidade, a realidade do evento. Muitos, a meu ver foram os méritos, pagaram-se as dívidas e zerou-se o festival. Para que ele não morra, mas se renove e volte fortalecido e possível.

Quem sabe, diferente.

A sanga do Pedro, também corrijo, é Lira. (hehe)

Um beijo
Shana

Leia também:

Direitos de uso do conteúdo

Todo conteúdo textual aqui publicado pode ser divulgado e distribuído livremente pela Internet, mas desde que citada a fonte. Para uso em publicações impressas, entre em contato pelo e-mail chicocougo@gmail.com .

  © Blog desenvolvido com base no template Palm , disponível em Ourblogtemplates.com América Macanuda 2010

Voltar para o TOPO