Mulheres Pampeanas
>> sábado, 14 de novembro de 2009
Quatro mulheres, quatro grandes talentos. É difícil encontrar um grupo sul-riograndense tão bom quanto o Mulheres Pampeanas, composto por Anelise Severo, Juliana Spanevello, Mariana Acordi e Talyta Vargas. Conjunto vocal reunido pelo produtor Nelcy Vargas, o grupo começou a ser formado no ano 2000, quando deu seus primeiros espetáculos pelo sul do Brasil. A carreira individual de cada uma das integrantes do quarteto foi mantida em paralelo ao projeto, até que - em 2007 - a gravadora Vertical transformou o show "Mulheres Pampeanas cantam o Gaúcho" em disco.
No CD, o primeiro ato traz os clássicos Gaúcho eu sou/Os homens de preto, Oh! de Casa, Andarengo, Sistema antigo e Volta do tropeiro. Destas, destaco Andarengo, composição de Antonio Augusto Fagundes (Nico), gravada pela primeira vez por José Mendes, em 1969! Se na voz de Mendes, a toada-milonga de letra filosófico-existencial já ganhara tons apoteóticos, na versão das Mulheres Pampeanas a canção parece ter recebido um plus, um diferencial cheio de qualidade e personalidade.
No segundo ato, "O Amor e as Crenças", três grandes interpretações com Noite pampeana, Vá embora tristeza e Negrinho do pastoreio. Vá embora tristeza, aliás, é outro clássico imortalizado (e, neste caso, composto) por José Mendes, o que denota o interesse das cantoras em trazer à tona os antigos sucessos do sul. Negrinho do pastoreio, de Barbosa Lessa, mesmo regravada inúmeras vezes desde os anos 1950 (quando foi levada ao disco pela primeira vez, na voz do Conjunto Farroupilha), consegue ser ainda muito jovial na interepretação das Mulheres Pampeanas. É um dos maiores destaques do grupo, na minha opinião.
Fechando o disco, "História e Tradição" reverencia a pampa em suas diferentes facetas através de Sangue de gaúcho, Canto Alegretense, Baile do Sapucay e Quando sopra o Minuano (Levanta gaúcho). Mesmo achando que Canto Alegretense é um daqueles clássicos que fica bem em onze de cada dez gravações a que é submetido, deste ato eu fico com Quando sopra o Minuano, de Barbosa Lessa. De todas as canções ufanistas já feitas em tributo ao Rio Grande do Sul, poucas chegam perto desta verdadeira ode ao Estado sulino. Na voz das Pampeanas, a canção ganhou sobrevida e diferencial.
Tomara que o Mulheres Pampeanas presenteie o mercado musical com novos lançamentos - e em breve. Seria no mínimo fantástico se este projeto seguisse em frente, principalmente por ter a preocupação da pesquisa musical, regravando clássicos de intenso apelo popular, mas que - hoje - andam esquecidos nos porões das gravadoras do eixo Rio-São Paulo. Para finalizar, fiquem com o vídeo de Noite pampeana (Bruno Nehr) na voz das Mulheres Pampeanas.
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