Dolores Solá mostra como se faz

>> sábado, 30 de janeiro de 2010

 
                                                                             Punto Tango
por Chico Cougo [@chicocougo]

Cantoras de tango existem muitas. E quase todas muito boas. Porém, com a qualidade artística de Dolores Solá, são poucas. Quem ainda não conhece a argentina ‘Lola’ não teve a oportunidade de desfrutar o que há de melhor no tango do século XXI: composições clássicas mescladas com renovação musical e, principalmente, com a efervescência do mais puro sentimento tangueiro.

São estes, aliás, os principais predicados de “Salto Mortal” (2009), o primeiro disco solista de Dolores Solá. Um CD com “ares de cabaret e circo criollo, fox trots, fados, tangos, canções campeiras, pasodobles e valsas” sobre a Buenos Aires da Bela Época, de Gardel, Corsini e Magaldi – os três mitos do tango evocados no repertório escolhido. “Salto Mortal” é o trabalho que abre uma nova página na carreira de Dolores. Agora, além de ser vocalista do grupo La Chicana (responsável por uma das revoluções do tango na última década), ela debuta como intérprete num trabalho próprio onde, segundo a revista Punto Tango, não apenas cantou, como também participou de todo o processo criativo.

Processo que, diga-se de passagem, se deu a partir de muita pesquisa. No repertório do disco-circo, uma seleção de “lados B” que marcaram as carreiras de Carlos Gardel, Agustín Magaldi e Ignácio Corsini, os maiores astros do tango e da milonga na primeira metade do século XX. Fugindo do ar puramente tangueiro, Solá traz páginas quase esquecidas de um cancioneiro que, ainda criança, ouvia ao lado do pai. É o caso, por exemplo, do fado Caprichosa, gravado por Carlos Gardel nos anos 1930 e, na voz de Dolores, resgatado em toda sua essência. Ou ainda Mañanita de sol, uma chacarera de Mário Battistella, Gardel e Le Pera, daquelas que poucos lembram.

Tudo fruto de muita pesquisa e atenção. Afinal, não é qualquer artista que transporta Franz Lehar para um disco de música criolla (vide a faixa final de “Salto Mortal”, Fox trot de Gigolette, tema do famoso compositor húngaro). Mas Dolores Solá é assim: uma voz talentosa, uma inquietude artística e um exemplo: o de que pesquisar música pode ser o caminho menos sinuoso para a música de qualidade.

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