Solemania: "Juntos por unica vez" (Sony Music, 2002)

>> quarta-feira, 4 de agosto de 2010

por Chico Cougo
Fonte: Sony Music
Soledad Pastorutti trilhou um caminho de glórias diversas. Tornou-se a primeira mulher argentina a vender um milhão de discos, engatou uma seqüência de seis CDs premiadíssimos, levou um milhão de espectadores ao cinema com seu único filme, abocanhou a liderança de audiência com sua novela “Rincón de Luz” (Telefe, 2002) fez shows por toda a América Latina, foi aclamada por espanhóis, ingleses, franceses e israelenses. Enfim, num período de seis anos, se transformou numa autoridade musical, capaz de escolher os músicos, o repertório e a temática de seus discos e shows.

Apesar disso, o sucesso não lhe subiu à cabeça. O sétimo disco na carreira da santafesina de Arequito, editado em 2002 pela Sony, mostra bem a sua preocupação em não isolar-se daqueles que, desde tenra idade, lhe serviram de influência. Depois do exitoso “Libre”, Pastorutti une-se a um dos mais importantes nomes da música popular argentina num disco-tributo ao folclore. “Sole y Horacio juntos por única vez”, em parceria com o célebre poeta e cantor Horácio Guarany, é uma das maiores pérolas na carreira do furacão.

São vinte faixas, todas gravadas ao vivo, em 25 de outubro de 2002, no Luna Park (talvez o mais tradicional estádio portenho, lugar onde velaram Carlos Gardel em 1935, inclusive). Diante de milhares de espectadores enlouquecidos, Sole, Horacio, Natália e mais dez músicos talentosíssimos (seis da trupe de Soledad, quatro convidados por Guarany) fizeram uma das maiores festas já vistas na capital argentina. Este disco, à propósito, é tão especial que conta com a direção de Cesar Isella – parceiro de Horacio nos anos 1960, homem responsável pela própria descoberta de Sole.

Chacareras, zambas, litoraleñas… “Juntos por única vez” é um regalo aos fãs do folclore autêntico. Descrevê-lo é difícil, pois são tantos temas importantes que priorizar um ou dois é incorrer no sacrilégio do esquecimento. Particularmente, gosto muito de Si se calla el cantor e do Bloque romântico, que reúne quatro canções de amor escritas por Guarany. Também acho divinas a Canción del adiós e Recital a la infância, esta última emotivamente interpretada por Horacio, depois de uma belíssima declamação em que o veterano poeta agradece ao carinho do público e à própria Soledad, por ter se lembrado dele, um artista em fim de carreira.

Ainda entre minhas prediletas, cito Puerto de Santa Cruz, cantada solo por Natália Pastorutti. Trata-se de uma das páginas mais lindas do cancioneiro popular argentino, uma música que me emociona profundamente a cada audição. Natália, que neste disco angaria todos os aplausos possíveis e imagináveis, participa também da faixa Jacinto Piedra.

“Sole y Horacio juntos por única vez” conquistou um disco de Platina (mais uma vez, vamos vendo como as vendas baixam com o passar dos anos, culpa da “crise fonográfica) e recebeu elogios altamente positivos da crítica. Curioso é que, tamanho o sucesso do duo Pastorutti-Guarany, o “juntos por única vez” que intitula o álbum terminou por não se concretizar, já que os cantores realizaram outros espetáculos na capital portenha, todos eles lotados.

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