O gardeliano Rafael Rojas

>> terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

por Chico Cougo [@chicocougo]

Outro dia escrevi sobre o cantor Rafael Rojas, no meu blog Memórias do Chico. No texto, eu falava, em tom de brincadeira, sobre a possibilidade de Rojas ser, na realidade, Carlos Gardel. Tamanhas são as semelhanças físicas e artísticas entre ambos, que a minha broma só não é levada a sério, porque Gardel teria 120 anos se vivo fosse. E também porque não existem muitas possibilidades de que o Zorzal tenha escapado com vida do acidente aéreo que sofreu, em 1935.

De qualquer forma, não fui o único que se impressionou com o talento do chileno Rafael Rojas, cujo nome de batismo é o pouco sonoro Israel Esmar. O cantor, nascido em 1970, em Cerro Navia (Chile), mudou-se ainda jovem para Buenos Aires e, mais tarde, para a Alemanha. Foi na Europa, levado por seu pai, que ele entrou em contato com a música argentina. Em meados dos anos 1980, a família de Rojas atravessou o Atlântico novamente e instalou-se no Uruguai. Da Europa, o jovem trouxe apenas lejanías e saudades de sua primeira namorada.

Curiosamente, foi justamente a saudade de seu primeiro amor que aproximou Rafael do tango. Mesmo envergonhado diante do microfone, o rapaz demonstrou talento tão logo começou a entoar os primeiros clássicos gardelianos. Foi nesta época – início dos anos 1990 - que Israel Esmar transformou-se em Rafael Rojas, o mais completo imitador de Carlos Gardel. Seu sucesso e semelhança com o “Rei do Tango” é tão grande que ele precisa cantar, à capela, Mi Buenos Aires querido para que os espectadores de suas apresentações acreditem que aquela voz é mesmo sua.

Para dirimir dúvidas e mostrar que é mais do que um mero imitador do Morocho del Abasto, Rojas gravou em 2007 um disco pra lá de especial: “Los tangos que Gardel nunca cantó”, uma seleção de dezesseis temas que nunca foram gravados por Carlos Gardel. O repertório inclui clássicos como Uno (Mores/Discepolo), Cambalache (Discepolo), Sur (Troilo/Manzi) e Como dos extraños (Laurenz/J.M. Contursi). Os arranjos ficaram por conta do genial Juanjo Domínguez, que dirigiu um sexteto de guitarras, bem no estilo musical que foi consagrado por Carlos Gardel. Do início ao fim, trata-se de um disco sem precedentes.

Como é muito difícil encontrar “Los tangos que Gardel nunca cantó” no Brasil, fica aqui o link para quem se interessar em baixá-lo. A direção leva ao blog El tango y sus invitados, que também traz um texto detalhado sobre vida, obra e anedotas de Rojas (sendo tão parecido com Gardel, não faltam histórias engraçadas!). Para finalizar, uma palhinha deste talentoso chileno. No vídeo, Rafael Rojas canta Pasional, tango de 1951, com letra de Mario Soto e música de Jorge Caldara. Um primor!

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