Solemania: A mi gente (Sony Music, 1998)

>> terça-feira, 6 de julho de 2010

por Chico Cougo

Fotos: Sony Music


Bastaram dois discos de Diamante para que o “furacão de Arequito” varresse a Argentina de norte a sul. A carreira de Soledad Pastorutti – que começou meteórica e, como tal, parecia prestes a despencar na mesma intensidade – consolidou-se de forma impressionante nos dois anos posteriores ao seu debut, no Cosquín ‘96. O sucesso da menina abocanhou as rádios e TVs hermanas de tal forma, que sua estréia no mais famoso e consagrado palco do país – o teatro Gran Rex, da mítica calle Corrientes – tornou-se inevitável. Do encontro entre Sole e o palco nº 1 de Buenos Aires, brotou “A mi gente”, terceiro CD da santafesina.

“A mi gente” é o primeiro disco ao vivo de Soledad, e também o mais bem elaborado até então. Das 30 sessões que deu no Gran Rex, duas (as de 31 de agosto e 2 de setembro de 1998) foram utilizadas na montagem do CD. Diferente dos álbuns anteriores, neste La Sole canta um número maior de temas (17), mas segue investindo em ritmos consagrados, zambas e chacareras, principalmente. Puramente folclórico, “A mi gente” prossegue com o mesmo trio de músicos já conhecidos dos discos anteriores, mas agora o conjunto é incrementado por mais uma guitarra, tambores, percussão e até por um portenho bandoneón.

Como este álbum traz mais canções do que os outros, não vou falar de cada uma delas individualmente, como em posts anteriores. Melhor mesmo é fazer um apanhado das características mais “impressionantes” de “A mi gente”. A começar, claro, pelos autores envolvidos. E aí, quem conhece um pouco de folclore argentino sabe do poder de nomes como Horacio Guarany, Carlos Carabajal, Cesar Isella, Atahualpa Yupanqui e Facundo Saravia, todos eles presentes no palco do Gran Rex através da garganta de Sole.

Falando em garganta… Soledad e Fernando Isella (que dirigiu mais este CD do “furacão”) idealizaram um roteiro pra lá de interessante para os shows em Buenos Aires. Digo isso, porque entre os clássicos folclóricos da playlist, foi incluído um “intruso” portenho: Garganta con arena, tango de Chacho Castaña que, instantaneamente, tornou-se inerente aos shows de Soledad, tamanha sua capacidade em interpretar a canção. Aliás, junto com este tangaço, eu destacaria, ainda, Pa’el que se va, do célebre Alfredo Zitarrosa.
“A mi gente”, além da simbiose mais do que audível entre Soledad e o público bonaerense, marca dois batismos. O de Natália Pastorutti, que grava neste disco sua primeira canção solo (Sapo cancionero, de Jorge Hugo Chagra e Alejandro Flores) e o da própria Soledad, que registra sua primeira composição (Canten para papá, em parceria com Cesar Isella e numa homenagem a seu pai – canção autobiográfica).

O terceiro álbum de Soledad Pastorutti, de repertório e instrumental meticulosamente pensado, marca a virada de página definitiva na carreira da menina que, agora, se transformara num dos maiores cachês de seu país. O fato de um telefone de contato para shows vir estampado no encarte dos primeiros CDs da cantora – e que desaparece em “A mi gente” – marca o novo caráter de sua carreira, a imersão de La Sole no topo do show business nacional. Seu disco ao vivo é o primeiro dos muitos vôos altos em sua carreira de êxitos. Se nos anteriores, Soledad havia arrematado discos de Diamante por alta vendagem, com “A mi gente” as estantes de sua casa ganhariam nada menos do que cinco discos de Platina outorgados pela CAPIF. Estavam abertas as portas para que a Sony Music crescesse os olhos para o fenômeno que tinha sob contrato. Seu próximo disco será gravado nos Estados Unidos. E a menina seguirá “arequiteando querências”. História para o próximo post.

1 comentários:

Anônimo 8 de julho de 2010 às 13:44  

adoro a lasole. Que quiere decir macanuda? Que palabra rara

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